“A coisa mais valiosa que você pode oferecer a uma criança é tempo”
Espero que não nos esqueçamos de oferecer às crianças um pouco daquela paz que minha vó me oferecia. Porque cada encontro tem um tempo diferente, porque vai sem pressa, vai no tempo de cada um. Dar às crianças um respiro no meio disso tudo que é o mundo de hoje é o mínimo que podemos fazer. Pode chorar, pode brincar, pode dançar, pode gargalhar e pode ler.O tempo do encontro de uma criança com um livro, por exemplo, vai muito além da duração da leitura. Descobrir um livro novo numa prateleira é uma experiência de paixão. Pode ser a cor da capa, seu tamanho, uma imagem ou a configuração das letras, nunca sabemos ao certo. Paixão não se explica. De repente, eles aparecem, com um livro na mão, me pedindo que leia. Não é preciso de muito para que logo outras crianças se aproximem para ouvir também. Um dia desses, esqueci de ler as informações da capa e Benjamin logo me interrompeu: “Mas quem escreveu esse livro? E quem desenhou?”. Cada livro é uma experiência, que deve ser vivida com calma, com tempo e aos poucos. Depois que acaba, é bastante provável que a criança peça para que a história seja relida algumas boas mil vezes, mas nunca é a mesma leitura.
Como educadora, me sinto privilegiada por ter tempo para esses momentos. Espero que, dessa forma, eles aprendam que mais do que as exigências e metas que a sociedade nos impõe, valem os encontros, as descobertas e as paixões. Cada um no seu próprio tempo, chegaremos lá.