Foto Letícia – Mãe Kátia Lopes Oliveira
Para Mônica Regina Melquíades Gomes, que frequenta o projeto há cerca de três anos com a filha, a leitura vem ajudando muito a pequena Alice: “Ela fica muito atenta às coisas e está mais esperta. Toda hora pega um livro para ler, está se virando. É ótimo”. Isso ocorreu depois do contato com o projeto, que, de acordo com Mônica, teve um impacto grande na formação da filha.
“Ela adora ler, fica procurando coisas para ler e isso ajuda no aprendizado”. Mônica afirma que a importância do projeto não está apenas relacionado às crianças:
“É bom para os adultos também. É importante ler, entender, aprender, tentar pensar diferente, né?”.
Abaixo uma rápida conversa com a Alice, de seis anos, no dia em que houve uma apresentação do pessoal do Slam da Guilhermina, uma batalha de poesias que acontece uma vez por mês no metrô Guilhermina-Esperança:
Você disse que acha legal vir aqui. Por quê?
Porque tem um monte de coisas legais, dá pra gente ler, aprender as coisas, saber um monte de aventuras nos livros. A gente começa a desenvolver o cérebro. 26
O que você mais gosta de fazer aqui?
Gosto de ler os livros mais legais, porque isso ensina a gente a ler, aprender as cores que a gente ainda não aprendeu… E também ensina algumas histórias muito legais.
Você lembra da primeira vez que você veio aqui?
Eu comecei a pegar os livros pequeninhos pra fazer um castelinho. E eu comecei a ler um pouquinho… daí eu fui na escola e comecei a ler tudo.
O que você achou dessa batalha de poesias?
Achei muito legal.
O que você mais gostou dessa apresentação?
Eu gostei mais quando eles falaram do curupira.
Você gosta do curupira?
Gosto. Ele protege a natureza.
Gabriel dos Santos Jesus, de 13 anos, acompanha o projeto desde o início, sendo um dos mais antigos freqüentadores. Ela comenta a mudança do tipo de livro que costumava ler para as obras que mais lhe interessam hoje: “Tinha um que eu lia que chamava Assim Assado [obra da escritora Eva Furnari]. Depois eu fui lendo Harry Potter, livros assim maiores. Mas também outros mais fininhos que são legais”.
O que você acha do projeto?
O projeto é muito bom para fazer as pessoas se distraírem, lendo livros, vendo coisas de teatro, porque assim é bem melhor do que ficar fazendo coisas erradas por aí.
Você acha que o projeto muda alguma coisa no bairro?
Muda um pouco… Muda para as crianças que começam a aproveitar mais a leitura, a se enturmar mais com o livro, isso é muito bom pra elas, porque elas começam a pensar melhor, essas coisas.
Mudou alguma coisa na sua vida o fato de você freqüentar o projeto já há alguns anos?
Pra mim, mudou o fato de eu conseguir ler melhor, de eu interpretar as coisas bem melhor e também porque eu consegui ver a vida de um modo diferente.
Como aconteceu isso?
Lendo os livros, fazendo amizade, vendo teatro, essas coisas.
Letícia freqüenta o Literatura na Cesta Básica desde os seus 10 meses. A mãe dela, Kátia afirma ser até difícil pontuar o que mudou na formação da filha, já que ela realmente cresceu com o projeto, mas aponta a extensão do vocabulário como uma das conquistas.
“Os adultos admiram. Tem adulto que fala: ‘ela fala de um jeito supercorreto!’. Eu não falo corretamente como ela. Não é uma coisa que a gente impõe, a gente vai lendo e vai tentando ampliar isso. Essa é uma coisa que os livros proporcionam. Ela ligou pra minha mãe na semana passada e falou:
‘vó, eu estou entediada aqui em casa’.
Minha mãe falou: ‘mas como ela entende o que significa essa palavra?’”.
Kátia conta da relação que a filha estabelecia com outros contextos de livros, a partir da lógica da experiência dela no projeto.
“Pra ela, era fácil esse negócio de pegar o livro, levar pra casa, cuidar bem e devolver. Ela via o livro na livraria e achava que podia levar pra casa. Ela não entendia, pra ela, era um empréstimo. Agora ela entende”.
O que você acha do projeto?
Eu acho esse projeto maravilhoso. Não pode acabar de jeito nenhum, é extraordinário. Lindo esse contato que as crianças têm com os livros, de empréstimo, de rodízio.
Você acha que muda alguma coisa no bairro?
Muda, muda bastante. A gente encontra várias pessoas conhecidas que a gente nem sabia que tinham esse interesse em comum por livros. Acaba trocando informações sobre livros, sobre outras coisas, acaba conversando, ampliando o círculo de amizade.
(Nesse momento, Kátia convida Letícia para participar da conversa)
Lê, o que você gosta de fazer quando você vem aqui?
Eu gosto de ler os livros e depois eu escolho pra levar pra casa.
Quais livros você mais gosta?
Eu gosto daquele, daquele, daquele, daquele e daquele (apontando para vários livros). E eu gosto mais de comer pastel, nuggets, feijão, arroz e carne moída.